por Letícia Wierzchowski
Uma casa é palco, é sonho erguido em pedra e tijolo. Também é história. Entre suas paredes, a casa guarda vidas, amores, noites, músicas e memórias. Das suas janelas, vê a cidade que se transforma incessantemente.
A casa é palco, mas, sim, também é sujeito.
Na Rua Barão de Santo Ângelo, entre as ruas Dinarte Ribeiro e Marquês do Herval, situa-se uma das casas mais simbólicas de Porto Alegre, um palacete que tem muita, muita história para contar. Uma residência que nasceu das mãos de um dos tantos imigrantes europeus que fizeram o nosso país.
Era uma vez um arquiteto italiano chamado Armando Boni. Natural da província de Módena, Boni estudara em Bolonha e em Parma. Foi em Parma que travou conhecimento com um veterinário de Porto Alegre que lhe falou da universidade local; no ano de 1910, Armando Boni desembarcou aqui em Porto Alegre com a intenção de lecionar na Escola de Engenharia, onde foi, de fato e por muitos anos, um dos professores. Em 1913, Boni voltou à Itália para casar, chegando de esposa e aliança no dedo à capital gaúcha no ano de 1914. Armando Boni traçou uma grande carreira, e foi o primeiro que se dedicou ao uso do concreto armado na cidade.
Aliás, Armando Boni fez muitas coisas por estes pagos.
Em 1926, concebeu a Concha Acústica do antigo Araújo Vianna; projetou o Palacinho, como é chamada residência do vice-governador do estado, o prédio sede da Livraria do Globo – e, entre outras, a casa encomendada pelo comerciante e construtor Guido Corbetta para a Rua Barão de Santo Ângelo, que foi erguida no ano de 1936.